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O grande desafio da Lava-Jato e de todo o processo: provar que não protege o PSDB


Foto: Wilson Dias/Agência Brasil-EBC

Muito do discurso do golpe, de que tudo o que vem sendo feito tinha unicamente o propósito de apear do poder o PT e interromper o mais longo período de um único partido no comando da República brasileira sofreu um abalo forte depois que o presidente Michel Temer se viu enredado por denúncias surgidas da mesma investigação, dos mesmos grupos, da mesma Polícia Federal, do mesmo Ministério Público. A forte enxaqueca política que não desgruda de Temer ajudou a reforçar a impressão de que a Operação Lava-Jato e seus desdobramentos são mesmo uma forte reação do Judiciário e dos mecanismos de fiscalização e de investigação policial quanto à forma como se relacionam financiadores e financiados na política brasileira.

Poderíamos falar que tal processo é suprapartidário não houvesse um calo incômodo que vez por outra insiste em aparecer nessa história: a sensação de que o PSDB e seus próceres investigados acabam no final sendo preservados. Quando se fala aqui de Lava-Jato, se fala sobre a investigação e seus desdobramentos, seja na política seja no Judiciário. Em Curitiba e em Brasília. Na Justiça comum e nos tribunais superiores. No Judiciário e no Legislativo. Injusta ou não, a sensação fatalmente retorna com a decisão do Conselho de Ética do Senado de arquivar a representação pedindo a cassação do senador Aécio Neves (PSDB-MG) por quebra de decoro parlamentar.

Aécio enredou-se na investigação pelo mesmo caminho que Temer: as delações feitas pelo irmão Friboi Joesley Batista. Joesley gravou Temer e gravou Aécio. Na gravação com Temer, no Palácio do Jaburu, eles mencionam o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures como intermediador entre os dois. Segundo Joesley, intermediador no recebimento de propina. E, então, a investigação monitora e filma a entrega de uma mala de dinheiro para Rocha Loures.

Na gravação com Aécio, os dois mencionam um primo do senador, Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred, como intermediador. De novo, segundo Joesley, intermediador no recebimento de propina. E, então, a investigação monitora e filma a entrega de uma mala de dinheiro para Fred.

É verdade que, no primeiro momento, a divulgação das duas denúncias, ocorridas quase ao mesmo tempo, levaram a prisão tanto de Rocha Loures como de Fred, além da irmã de Aécio, Andrea Neves. É verdade também que tanto Rocha Loures como Fred – e Andrea – não estão mais presos. Mas Rocha Loures agora usa tornozeleira eletrônica, e não é mais deputado. Aécio retornou ao Senado e livrou-se do processo no Conselho de Ética. E Temer trabalha – segundo a apuração de bastidores, com muita dificuldade, tendo perdido a primeira batalha com o relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) – para se livrar da aprovação pela Câmara de abertura de um processo por corrupção passiva contra ele.

É claro que cada caso é um caso e precisa ser avaliado separadamente. Mas aos olhos de um leigo não parece haver muita diferença entre o que se investigou sobre Temer e sobre Aécio. É claro que se pode argumentar que a denúncia já gerou imenso prejuízo para a imagem de Aécio. Mas a diferença dos tempos de hoje está justamente em ver as denúncias provocando mais que eventuais desgastes políticos para os denunciados.

Se os mesmos expedientes impróprios na relação entre financiadores e financiados foram usados ou não pelos tucanos, é preciso que se investigue. E que as respostas com relação a eles venha com a mesma clareza vinda nos casos do PT ou do PMDB. Do contrário, vencerão as teorias da conspiração…


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