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Waldo, do Black Mirror, pra presidente! Quem não entendeu, assista no Netflix


Poucas coisas nos telões e nas telinhas de hoje em dia são mais incômodas e impactantes do que a série britânica Black Mirror. Disponível no Netflix, já com três temporadas completas, a série discute diversos aspectos das profundas mudanças que vamos vivendo nos nossos hábitos e costumes a partir da revolução digital. São episódios isolados, sem ligação entre eles, passados em algum momento do futuro. Mas, na verdade, um futuro que já se faz muito presente. E é aí que a série perturba, a ponto de provocar pesadelos.

Para quem gosta de política - que é o nosso tema central aqui neste espaço - há um episódio especificamente que é imperdível. Seu nome: The Waldo Moment, o terceiro da segunda temporada de Black Mirror. Waldo é um desenho animado. Um urso azul politicamente incorreto dublado por um comediante insatisfeito e decadente. Em determinado momento, alguém da emissora de televisão tem a ideia de lançar o urso Waldo como candidato a uma cadeira no Parlamento Britânico.

O que era uma brincadeira da emissora vai ganhando ares de seriedade, porque o eleitorado começa a considerar mesmo a hipótese de eleger o urso Waldo. Por um lado, porque ele é pelo menos tão fake como os demais candidatos, que também escondem suas verdadeiras personalidades nas embalagens concebidas pelos seus marqueteiros. Por outro, porque Waldo, com suas tiradas politicamente incorretas, acaba na verdade sendo mais autêntico e sincero que seus assépticos adversários trabalhistas e conservadores.

Essa é a proposta assustadora e incômoda do episódio. Estamos vivendo um tempo em que um urso azul de desenho animado parece mais real às pessoas que as opções de carne e osso que se escondem nos personagens embalados pelos marqueteiros. No jogo de tremenda e milionária farsa que virou a política, nada parece mais autêntico que um urso azul debochado.

A série se passa na Inglaterra. Mas Waldo bem poderia estar por aqui entre nós. Não menos falso que o político engomado, certinho e engravatado que longe das vistas do público negocia propinas aos palavrões nos flagrantes da Operação Lava-Jato. Autêntico e sincero como os políticos reais só conseguem ser quando não sabem que estão sendo gravados pelos delatores que fazem acordo com o juiz Sergio Moro.

Menos como solução e mais como triste contestação: Waldo, do Black Mirror, para presidente!


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