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Será Temer a transição para o nada?


Dilma Rousseff saiu, Michel Temer entrou. Mas seguimos na mesma balada de falta de lógica institucional, de crise paralisante, que assola o país desde o primeiro dia do segundo governo Dilma Rousseff. Ao contrário do que pressupunha o vaticínio do senador Romero Jucá (PMDB-RR) na sua conversa com o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado, o impeachment de Dilma não estancou a crise política. Não parou a Operação Lava-Jato. Não impediu que ela continuasse se ampliando e englobando novos líderes e partidos à lista de políticos investigados. Prossegue a esculhambação geral da Nação. Com o governo vivendo as mesmas dificuldades de imprimir uma agenda, aprovar as coisas no Congresso. Apontar, enfim, para uma solução.

Diante das dificuldades do atual governo para avançar com sua reforma da Previdência, impossível não lembrar dos momentos em que a agora ex-presidenta Dilma e seu então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tentavam aprovar no Congresso seu ajuste fiscal. Que tinha como uma das suas principais medidas justamente mudar a Previdência. Ou seja: vamos combinar que quem hoje está na oposição não tentou quando no governo nesse quesito caminho muito diferente.

Mas o que mais iguala as duas situações é a estupefação do governo atual diante da evolução da crise. Algo muito semelhante à estupefação que já se verificava com Dilma. E aí é preciso lembrar: PT e PMDB foram parceiros na construção do governo anterior. Difícil imaginar que um fosse capaz de escapar de algo que ajudou a formar com o outro. Ainda mais dentro da lógica do presidencialismo de coalizão que o Brasil adotou, especialmente a partir do governo Fernando Henrique Cardoso.

O que as investigações da Operação Lava-Jato e suas delações mostram são situações em que ora um dos partidos era protagonista no esquema ora outro. Ou situações em que os dois de alguma forma dividiam o protagonismo. Assim, depois que demoliu o PT, agora a investigação demole o PMDB. E outros, até fora do governo. Porque o que se verifica, como disse Emilio Odebrecht, é o desmoronamento de uma relação promíscua entre financiadores e financiados que vinha pelo menos desde a ditadura militar, ou antes.

Desmoronada essa situação, resta uma desconfiança generalizada nos partidos e nos seus políticos. Que torna os governos imensamente impopulares. E, impopulares, incapazes de ver aprovadas medidas igualmente impopulares. Que precisam passar por um Congresso igualmente perplexo, igualmente estupefato, igualmente enrolado, igualmente pressionado.

Assim, seguimos na balada do imobilismo que congela o país desde o início do governo Dilma. Refém dos mesmos problemas, Michel Temer não consegue escapar – pelo menos, não conseguiu ainda – de simplesmente conduzir uma transição para o nada…


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