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Renan, Temer e o “chefete de polícia”

  • Foto do escritor: lagorudolfo
    lagorudolfo
  • 25 de out. de 2016
  • 2 min de leitura

Dizia aquela velha propaganda de uma empresa transportadora: “O mundo gira e a Lusitana roda”. José Eduardo Cardozo deve estar dando risadas quando lê sobre a reação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), contra o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Aliás, o tempo tem sido generoso com Cardozo. Ele deixou o Ministério da Justiça porque choviam contra ele críticas de petistas e outros aliados do governo anterior de que ele não conseguia controlar as investigações da Operação Lava-Jato. Virou vilão para se tornar herói depois quando atuou com competência como advogado de Dilma Rousseff no processo de impeachment. Agora, vê Renan partir pesado para cima de Alexandre de Moraes com o mesmo tipo de crítica: ele não consegue controlar a Lava-Jato.

Temos aí mais um ponto forte de questionamento à versão de que o processo conduzido a partir de Curitiba tivesse como alvo apenas um partido ou como propósito único apear certo grupo político do poder. Sem entrar nos méritos ou deméritos da condução de Cardozo ou Moraes no Ministério da Justiça, o fato é que ambos são atacados pela mesma razão: nenhum dos dois consegue controlar a Lava-Jato, e provavelmente ninguém conseguiria.

Renan chamou Alexandre de Moraes de “chefete de polícia” pela operação que prendeu o chefe da Polícia do Senado, Pedro Ricardo Araújo Filho, sob a acusação de que ele usava a estrutura da segurança para fazer serviços particulares para senadores e ex-senadores e tentar embaraçar as investigações da Lava-Jato, fazendo varreduras em busca de escutas telefônicas colocadas pela Justiça.

Além do fato de o atual ministro estar sendo atacado pelos mesmos pontos em que era atacado seu antecessor no governo Dilma, o que há de mais explosivo no comportamento de Renan é a amplitude da reação que pode haver dentro de outros grupos expressivos que hoje compõem a base de sustentação do governo Michel Temer.

Renan é presidente do Senado. E Michel Temer precisa dele e dos demais senadores para fazer aprovar a sua pauta, principalmente porque ela contém temas antipáticos que o governo julga necessários para conter a crise econômica. E a insatisfação reverberou também na Câmara, onde também criticou – de forma menos estridente, até por não ser alvo da operação – o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Além da insatisfação pessoal com a operação e o que ela revelou, há na reação de Renan também uma briga intestina do PMDB com o PSDB de Alexandre de Moraes pelo poder dentro do governo Temer.

Há ainda outros elementos que hoje complicam a vida do presidente da República na sua relação com os políticos. A prisão do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) fez repercutir aquela frase dele em tom de ameaça no Conselho de Ética: “Hoje sou eu, amanhã pode ser qualquer um de vocês”. Ameaça que ganha reforços na notícia de que Marcelo Odebrecht e outros executivos da sua empreiteira negociam delação premiada. E que essa delação atingirá gente de todos os partidos, na relação que tinham com a empresa no financiamento das atividades políticas.

Quem imaginava que a saída de Dilma estancaria a crise ainda aparentemente terá de assistir a alguns capítulos antes de ver sua tese confirmada.


 
 
 
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