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A denúncia contra Lula e seus efeitos num país conflagrado


Em sua coluna no Correio Braziliense nesta quinta-feira (15), meu amigo Vicente Nunes descreve um pouco os efeitos no mercado financeiro da denúncia contra o ex-presidente Lula. Segundo Vicente, o mercado avalia que já é considerável a chance de que tudo termine com a prisão de Lula, em algum momento. O problema é saber como repercutiria a prisão daquele que se tornou, sem dúvida, o líder político mais popular do Brasil. Todas as pesquisas têm mostrado que, se as eleições presidenciais fossem hoje, Lula teria grandes chances de ser eleito pela terceira vez. E não foi por outra razão que ele, ao reagir à denúncia, praticamente lançou oficialmente seu nome à sucessão de Michel Temer em 2018.

A questão hoje é saber como a maioria das pessoas interpretaria a prisão de Lula. Como uma questão de justiça, o desfecho natural de uma investigação de corrupção? Ou como perseguição política para evitar seu retorno e o retorno de seu projeto político ao comando do país? Aos olhos do eleitor, Lula passaria como culpado ou como vítima?

O centro de tudo está na violência da entrevista comandada na quarta-feira (14) pelo procurador Deltan Dallagnol. O procurador alinhavou uma série de indícios e informações para afirmar que Lula seria o chefe de uma quadrilha que estabeleceu no governo o que chamou de “propinocracia”, cujos momentos mais visíveis foram o mensalão e o petrolão. O problema é que, de mais concreto contra Lula, foram apresentados os elementos que o ligam a um apartamento tríplex no Guarujá. Pela acusação, a construtora OAS teria dado a Lula o tríplex em troca de obras de seu interesse na Petrobras.

O suposto favor da OAS a Lula, incluindo apartamento, imóveis, reforma e ainda o armazenamento do acervo que o ex-presidente levou consigo do Palácio do Planalto soma R$ 3,7 milhões. Como anotou Helena Chagas na sua coluna no site Os Divergentes, o ex-gerente de serviços da Petrobras Pedro Barusco devolveu aos cofres públicos nada menos que US$ 100 milhões. Não parece fazer sentido, na divisão de um butim, que o chefe da quadrilha fique com R$ 3,7 milhões quando um sub do sub do sub leva US$ 100 milhões.

Na linha do que Vicente Nunes anotou vindo do mercado financeiro, as avaliações no meio político também iam no sentido de que parece ficar claro que a situação de Lula se agravou e vai se agravar ainda mais a partir de agora. Mas que, em contrapartida, houve também certo exagero de Dalagnol na contundência dos seus ataques. Na construção de um processo judicial, a constatação de que Lula chefiou uma quadrilha que instalou no país uma “propinocracia” precisará ter provas.

E há, em seguida, o desafio de convencer as pessoas. A maioria delas não é nem Fla nem Flu nesse maniqueísmo bobo que se instalou no país. A maioria delas faz suas avaliações políticas baseadas no que os atos de cada um trouxeram de bom e de ruim para as suas vidas. E assim vota. Hoje, essas pessoas são diariamente impactadas pelos dois grupos que formam as torcidas maniqueístas. Esses grupos irão crucificar ou vitimizar Lula. Convencer os demais dependerá da força dos seus argumentos. Que convém sejam mais substantivos que adjetivos.


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