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No tudo ou nada, senadores do PT devem fechar com proposta de novas eleições


Até o final da semana, a bancada de senadores do PT deverá fechar a favor da proposta de plebiscito para a convocação de novas eleições com a volta de Dilma Rousseff à Presidência da República. A proposta, feita por Dilma, ficou patinando no partido e nos movimentos sociais que a apoiam nas últimas semanas. Mas os senadores começam a concluir que essa seria a única chance possível de reverter no Senado a votação que afastou Dilma do cargo e colocou Michel Temer na Presidência.

A proposta ficou patinando porque o PT tinha fechado questão em torno da estratégia de “não ao golpe”, no sentido de que qualquer solução que não correspondesse integralmente à volta de Dilma ao poder, para cumprir na totalidade o seu mandato até o fim, não seria algo legítimo.

Ocorre que Dilma, quando foi afastada, já não reunia condições políticas de governar. E essa mesma falta de condições políticas seria integralmente ressuscitada caso ela retornasse. Algo que obviamente não anima os senadores. Na verdade, não anima nem aos próprios senadores do PT. De outro lado, o prosseguimento das investigações da Lava-Jato, que apontam envolvimento também de políticos do PMDB, do PSDB e por aí vai em irregularidades torna igualmente complicado o ambiente político do governo Michel Temer. Tudo isso converge para a impressão de que somente a construção de uma proposta de novas eleições para passar o país a limpo hoje seria possível. Pesquisa divulgada esta semana, do Instituto Ipsos, demonstra que Temer tem uma taxa de rejeição de 70%, não muito abaixo da taxa da própria Dilma, de 75%. E semelhante às taxas de rejeição de outros nomes ligados aos partidos tradicionais, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG). É daí que parte a ideia de que seria possível construir a volta de Dilma, com o compromisso de conduzir um plebiscito que aprovasse a realização, na sequência, de novas eleições.

Não é uma coisa fácil. A turma de Dilma precisaria manter todos os votos que ela teve na primeira votação que decidiu pelo seu afastamento. Evitar a presença dos senadores que se ausentaram na primeira votação. E virar pelo menos dois dos votos favoráveis ao afastamento da presidente. Na última semana, o governo Temer já não pareceu tão confuso. Parece estabilizar-se. E sua caneta funciona aparentemente de forma bem mais eficiente quanto aos interesses dos políticos do que funcionava a caneta de Dilma. O jogo é muito difícil, mas talvez não impossível.

Na hipótese de uma nova eleição presidencial rápida, sem grandes construções de candidaturas, há alguns senadores que se animam à tentativa. Casos, por exemplo, de Cristovam Buarque (PPS-DF) e Alvaro Dias (PV-PR). Essa nova eleição provavelmente teria como pano de fundo uma sensação de necessidade de mudança radical dos grupos políticos que estiveram no poder nos últimos anos, todos mais diretamente envolvidos nas denúncias da Lava-Jato. O que ajudaria ainda mais a animar pretensões de políticos cujos nomes não aparecem nas denúncias.

Seria, assim, possível convencer esses senadores a mudar agora de posição. E alguns outros mais relacionados a eles, como José Antonio Reguffe (PDT-DF).

No caso específico dos senadores do PT, a perícia do Senado divulgada hoje, que diz não ter encontrado indícios de responsabilidade direta de Dilma nas pedaladas fiscais deu uma injeção de ânimo. Na verdade, injeção de dose pequena. A mesma perícia aponta para a responsabilidade da presidente na assinatura de decretos de suplementação orçamentária sem autorização do Congresso. Mas argumenta-se que, nesse caso, o Congresso em seguida reviu a meta fiscal, o que de certa forma autorizaria a suplementação orçamentária. Mas há ao mesmo tempo a sensação de que não é nada disso o que motiva os senadores, que manteriam Dilma afastada apenas por suas razões políticas. A chance agora, assim, seria buscar nos senadores outras motivações políticas, que não convergissem no sentido da manutenção de Temer no poder até 2018.

No íntimo, a ideia de novas eleições parece ser a preferida mesmo de todos os dez senadores da bancada do PT. Que só não a explicitaram ainda por receio da posição do partido e, principalmente, da posição da militância, que provavelmente achará difícil fazer todo o movimento que faz pela volta de Dilma para que ela, ao lá chegar, entregue de bandeja o poder para quem eventualmente ganhar a tal eleição.

Mas cresce entre eles a sensação de que, a essa altura, ou é isso ou Temer. E Temer é tudo o que eles não querem.


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